Nomes reconhecidos nos cenários político e econômico do país estiveram em Porto Alegre, nesta quinta-feira (23), antecipando as tendências para o Brasil durante a 25ª edição do Seminário Econômico Família Previdência. Tratam-se do ex-presidente Michel Temer; do sócio da XP Inc. e head de Gestão da XP Advisory, Rogério Freitas; e do economista-chefe do BTG Pactual e ex-secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida.
Realizado na capital gaúcha desde 1999 pela Fundação Família Previdência, o fórum tornou-se referência no calendário de eventos local e uma oportunidade para os participantes entenderem a conjuntura nacional e alinhar objetivos de curto, médio e longo prazo nos investimentos. “Ficamos muito satisfeitos em trazer para Porto Alegre painelistas dessa envergadura, com profundo conhecimento prático e teórico, capazes de fazer análises detalhadas sobre os rumos do país. Entender os possíveis rumos da economia e da política é fundamental para ter sucesso nos negócios e prosperar em ambientes desafiadores”, disse o diretor-presidente da Fundação Família Previdência, Rodrigo Sisnandes.
Ele lembrou da necessidade de se fomentar planos de previdência privada para todos os brasileiros. “Hoje, apenas 7% da população dispõe de planos desta natureza, constituindo reservas que complementarão sua aposentadoria”, reforçou o executivo. Segundo ele, os dados do último Censo revelam desafios adicionais com uma transição demográfica ainda mais acelerada. “A previdência pública será incapaz de garantir sozinha a manutenção da qualidade de vida da população, tornando os planos de previdência privada uma necessidade ainda não percebida pelos principais atores da sociedade. Universalizar o acesso a esse benefício deve ser um compromisso de todos”, complementou Sisnandes.
A abertura do fórum foi feita pelo governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que manteve seu olhar para o cenário estadual. “Um dos fatores que influencia muito a nossa economia é a estrutura da máquina pública e o gasto público, que são capazes de pressionar a inflação por meio do endividamento público e de subtrair recursos que deveriam ser investidos em infraestrutura.” O chefe do Executivo pontuou que o Estado é um bom exemplo por ter promovido profundas reformas capazes de restabelecer o equilíbrio das contas.
GOVERNABILIDADE E CRESCIMENTO
O ex-presidente da República Michel Temer citou as reformas que promoveu no período em que esteve no governo — como a trabalhista e a implantação do teto de gastos. Ele também tratou de assuntos em voga, como a relação entre Poderes e o cenário político federal. “O objetivo da oposição é ajudar na governabilidade, porque fiscaliza, observa, critica e, assim, participa. No fim das contas, ajuda a governar. Mas não é esse conceito que se utiliza no Brasil”, lamentou. “No meu governo, eu busquei o diálogo e a pacificação nacional. Enquanto a oposição se opunha, eu governava.”
O segundo painel foi conduzido pelo economista-chefe do BTG Pactual e ex-secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, que se mostrou otimista com o cenário econômico brasileiro para 2024. “A inflação está caindo. O Banco Central vai seguir cortando juros em cada reunião, e o país, mesmo assim, ainda vai começar o ano com a maior taxa de juros do mundo. Ou seja, com espaço para cortar ainda muito mais”, disse. Na avaliação dele, isso vai fazer com que no ano que vem o Brasil cresça de 1,5% a 2%. “Será um crescimento espalhado na indústria e no varejo. Basta fazermos o dever de casa: mostrar compromisso com a responsabilidade fiscal”, pontuou Mansueto.
Sócio da XP Inc. e head de Gestão da XP Advisory, Rogério Freitas foi o terceiro palestrante. Ele traçou comparações entre Brasil e Estados Unidos para projetar o futuro econômico brasileiro. “Se a bolsa nos Estados Unidos cair, a probabilidade de contaminar a brasileira é muito grande. Se lá tiver uma revisão de lucro das empresas, muito provavelmente isso irá se refletir aqui.” Para ele, o Brasil tem oportunidade de crescer, mas depois que o ciclo americano terminar.
O 25º Seminário Econômico Família Previdência foi patrocinado pelo BTG Pactual, XP Investimentos, SulAmérica Investimentos, Icatu, RSUL Vida Seguros, Brasil Capital, Bradesco Asset Management, Itajubá Investimentos, Santander Asset Managemen, Kinea e Itaú.